quarta-feira, 23 de julho de 2008

Reino real


Pobres mulheres perdidas
em ruas
vielas escuras
malditas

pobres crianças velhas
brincando de subsistir
vestem o corpo de princesas
único reino real

e

dirigem carruagens

de lixo

raça de guerreiras
insistem
resistem
pernambulam
reviram latas
recolhem resto
do resto
do sonho alheio

pobres mulheres
se apresentam em fila
ao sacrificio
e se fazem pequenas
são quase nada vestidas

e mães
escravas
por si mesmas

pobres
mulheres pobres
temem luxúrias
corroem
desejos
escondem espartilhos
pobres
com seus escápulários
entre seios
desejando em silêncio
a penitência

pobres mulheres perdidas
nesse mundo de homens.


quarta-feira, 2 de julho de 2008

A Invisível Data

Afinal, haverá data para o poema?
Onde ele camba
e estaciona,
onde ele estaciona?
Haverá data
para o fim daquele
que se faz poema?

Haverá data
para o tempo consumido
e registrado no poema?

Haverá data que diga
que o poema mudou
que o poema trouxe
que o poema levou
algo da gente?


...


Mariposa Amarela


No meio do caminho
tinha uma mariposa amarela.

No meio do caminho tinha
uma mulher de amarelo.


No meio do caminho ao sol
do meio dia, tinha uma mulher varrendo.

No meio do caminho tinha
uma mulher amarelada de rosto varrendo.

No meio do caminho tinha
uma mariposa que voou mais alto que ela e morreu.


Ryana Gabech