Mar e Lua
Chico Buarque
Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam suas saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentido arrepios.
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira mar.
“Outro dia nós saímos em passeata cívica, e éramos 100 mil na Avenida Rio Branco: estudantes, intelectuais, clero, donas de casa, protegidos por um extraordinário esquema de segurança bolado pelos próprios garotos. Uma beleza. Se alguma coisa de bom tem que sair desse país, vai ser à base do novo movimento estudantil. E, naturalmente, Chico Buarque de Hollanda”.
Vinicius de Moraes escreveu no prefácio do livro O jornal de Antonio Maria. Julho de 1968.
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2 comentários:
puxa vida, pati, fazia muito tempo que eu não prestava atenção nessa letra.
aliás, nem sei se tinha prestado tanta atenção em algum momento. pra ti ver como um dedinho encantado apontando para alguma coisa faz o treco brilhar. obrigado, de novo, principalmente por ter lembrado isso:
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
beijinho, menina.
mãe tu sabe que eu sou fã do chico, e de ti mais ainda neh!!
muito legal está teu blog, continue escrevendo as tuas poesias que são muito lindas..coloque a que tu fez pra mim aí que eu não vi..hehe bjão
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