quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Diário

Estranha sensação de estranhamento do próprio eu. Tanto tempo dedicado a abrir portas, portinholas, janelas, baús...E finalmente me reconheço nesse pedaço de realidade. Me dispo pouco a pouco de cada peça de roupa. A pele. Epiderme. E por um segundo me enxergo. Uma fresta que a primeira brisa da primavera vem abrir. Gosto do que vejo. Do pouco. Do quase nada de mim que se revela agora. O corpo trêmulo, a alma invadida, recém renascida. Antiga desconhecida, fugitiva.Tento agarrá-la. Muitas vozes, gritos, palavras, imagens, milhões de sons flutuando pelo quarto, sala, rodando cada vez mais forte. Firmo o passo, seguro com força esse ensaio de mim.Uma felicidade estrangeira se move comigo, aquece o corpo, desgranha os cabelos, gruda nos poros, adoça o hálito, excita a carne. E antes de adormecer me beija delicada e calma...

3 comentários:

Jefferson Pinheiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jefferson Pinheiro disse...

do diário dedicado

tempo trêmulo tento
a porta, o passo e a pele

à alma o hálito aquece
cabelos, corpo, carne

delicada estrangeira estranha desgranha
fugitiva felicidade

gosto, gritos, beijo e brisa
pouco a pouco o ensaio excita

thais helena disse...

oi lili, adorei teu blog, vou ser tua seguidoira!