terça-feira, 27 de novembro de 2007

Caminhos

Ao longe se vê o menino
Sentado a beira da estrada

Sozinho

Tem os olhos úmidos de terra
Da casa da infância que deixou para trás

Sem endereço de chegada
Na bagagem música e poesia
Segue apressado
Ouvidos aguçados

Gritos
Chamados por todos lados

O menino perde o rumo
Já não sabe voltar
Nem partir
Nem ficar

Olhos plantados na terra
Recorda antigas canções
Contempla o caminho

Com mãos de jardineiro
Planta sua música e poesia na terra úmida

Adormece

Ninguém mais soube do menino
Se voltou
Se partiu

Mas a beira da estrada
Uma pequena semente a espera de chuva
Que não tarda a cair.



Patricia Borda

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